Suzano, março
de 1993.
Em um condomínio
de classe média estaciona um veículo preto tipo colonial, nele pode se lê em
letras grandes "orfanato das irmãs Dêh e Fohi", do veículo saem de
hábito branco duas freiras a passos largos e logo volta desta vez a segurar
pelo braço um garoto loiro aparentando uns 10 anos de idade, este por sua vez,
de nariz em pé sem realçar emoção alguma ao contrário do segundo garoto, que
esta chorando ao ver pela janela do quarto o acontecimento.
O veículo
cruza a cidade no sentido sul e, após uns 45 minutos de estrada de terra eis
que surge, mesmo que timidamente algumas luzes, e como estava muito escuro o
motorista guiava se apenas pela iluminação dos faróis do carro em meio à
escuridão. As luzes que tinha visto a pouco já não as via mais, talvez por que
ao longo da estrada concentra-se uma área de mata fechada, alguns metros
adiante o carro para e dá três buzinadas que logo se transformam em eco na
vasta escuridão, o faróis baixo logo dá lugar ao alto, assim permitindo
enxergar um portão de ferro de uns 3 metros de altura que logo se abre automaticamente,
em volta, o muro chama a atenção sendo este completamente coberto de plantas
trepadeira. Deixando qualquer paisagista maravilhado com tamanho design e
arrojamento.
O barulho do
portão ao fechar é aterrorizante, o carro segue margeando um espelho d' água e
ao mesmo tempo o muro, o automóvel faz uma pequena curva, ficando agora entre o
espelho d' água e algo que ao princípio tem a aparência de um castelo, e devido
à escuridão não dava para vê-lo por completo, mas uma coisa estava cada vez
mais clara, que aquele lugar era uma fortaleza e que não tinha como fugir dali.
Seguindo a
diante, contornando a estranha residência eis que se abre um grande portão e
logo estão na garagem, à primeira feira desce as pressas e logo desaparece na escuridão.
_ Jarbas, suba
com os pertences do garoto para o quarto 670, disse a freira de numero dois, apos
descer do automóvel segurando o braço do garoto e caminhando pela garagem.
A garagem
estava escura a única iluminação disponível era a do próprio carro, subindo o
primeiro jogo de escada, ouve se um barulho vindo de onde tinha ficado o motorista,
o garoto olha em direção e percebe que o barulho tinha vindo da porta do carona,
ao lado do motorista e que tinha uma pessoa lá dentro!
_ “é o motorista“, pensou ele!
Mas logo é traído
por sua curiosidade, ao perceber passos lhe seguindo, logo olha pra trás já
assustado e, quase derruba a freira com o susto ao vê um senhor usando chapéu e
capa preta com as malas a dois degraus atrás e, pela silhueta era o Jarbas!
Quem era a quinta
pessoa que estava no carro e como ele não a tinha visto se ela estava ali o
tempo todo, e principalmente que lugar era aquele, estas foram as perguntas que
o garoto se fez a o subir mais um lance de escadas e não obteve resposta. O
motorista continuou o seu trajeto, subindo mais um lance de escadas, já a freira
vai em direção a um grande portão branco, muito parecido com os dos hospitais tipo
“vai e vem”, adentando o portão as luzes se acendem e a escuridão da lugar a um
grande banheiro, se parecendo muito com os vestiários das series americanas, varias
pias no lado direito e esquerdo de um
mezanino central , sendo divididas por um grande espelho, e as laterais norte sul sendo dois miquitórios, na entrada,
bem próximo da porta se encontra dois cestos cheios de toalha de banho, nos
fundos se localizam as casinha onde estão
os vasos sanitários, já nas laterais encontram se os chuveiros, sendo estes sem
porta e divisória, estando o usuário exposto a os demais. O garoto deslumbrado com o tamanho
daquele local, pensando sabe se lá em que, é logo trazido para o mundo real ao
ouvir a voz da freira.
_ Garoto, tá
surdo, entra logo em baixo deste chuveiro que eu não tenho a noite toda, ela
diz isto apontando com uma das mãos para um chuveiro que já estava ligado, na
outra mão a toalha e uma peca de roupa, o garoto a principio não entendeu bem o
porquê da freira não ter saído, afinal ele já era um rapazinho e iria tomar
banho pelado e foi o que fez, por que se tem uma coisa que ele não tem é
vergonha, tomou banho, se secou e por fim a freira lhe deu um pijama, tendo
este como estampa o logo do orfanato, aquele mesmo que tinha no carro.
Sobem mais
dois lances de escadas e por fim chegam a um corredor, corredor este um pouco
escuro, com muitas portas, uma de frente para outra sendo todas numeradas,
chegando em frente ao quarto de Nº 670 a freira abre a porta, acende a luz e faz
sinal para que o garoto entre, ao entras naquele espaço grande quase que vazio,
exceto por uma cama e um criado mudo, ele logo se dirige para uma das três grandes
janelas que são muito bem protegidas por grade, em pé de frente para vastidão
escura, no quarto andar de um prédio que nem ele sabia ao certo onde era, de
costas para a freira que logo começou a falar.
_Eu sou a irmã
Dorotéia, e este será o seu quarto por essa noite, amanhã...: a freira é interrompida
pelo garoto e fica furiosa.
_Como assim,
diz o garoto, mas que não consegue concluir a frase, por que a freira logo
começa a falar, desta vez em voz alta e sendo acompanha atentamente pelo olhar
assustado do garoto.
Pediu Silencio
e apos repetir tudo o que já tinha dito antes, continuou...
_ Amanhã após conhecer
a madre superiora, e só depois disto você ira se juntar a os demais, o seu
jantar, caso queira comer, esta sob o criado mudo, em cima da cama encontra-se o
seu uniforme, este que ao descer amanha já deve estar usando, como acabamos de
sair do banheiro, creio que você não precisará usar mais hoje, a luz permanecerá
acesa apenas hoje, o que posso dizer, tenha uma boa noite!
A freira ao
sair passa a chave na porta e, ouve se apenas o barulho dos seus passos no
corredor, o garoto corre para a porta e tanta a abri em vão, agora sozinho, no
chão de um quarto frio e solitário, a fixa acabava de cair, aquele agora era o
seu lar, sem família e sem amigos aquele garotinho estava mais uma vez a começar
do zero, agora em um orfanato no meio do nada.
Leia em breve a segunda parte do 1º capitulo
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